Já se passou algum tempo e algumas feridas sararam dando lugar a cicatrizes, umas perceptíveis a olho nu, outras estão guardadas no fundo da alma, às vezes indisponíveis até a nós mesmos.
É verdade que o tempo é um bom remédio, é verdade que ele nos dá clareza e sabedoria. O que não podemos esperar do tempo é que ele leve consigo o que aconteceu, porque isso seria impossível. Se assim fosse nem um de nós teríamos uma história ou estórias.
O pior que pode acontecer é não aceitarmos nossas escolhas, é o terrível incomodo pelo que foi feito de errado e nas inevitáveis conseqüências. Sim, pois para toda escolha há uma desistência, há algo que foi desconsiderado.
Devemos então desistir? Paralisarmos diante as nossas mazelas? De forma alguma. O combustível para a o acerto é a vontade de não mais errar. É vital acreditarmos que podemos ser melhores do que fomos até agora. Essa é a graça. Se fosse diferente nasceríamos correndo e não incapazes e dependentes. Rastejamos antes de andar. Andamos antes de correr. Erramos antes de acertar, para assim saber a diferença.
A vida vai nos ensinando, nos mostrando os caminhos. Mas não importa qual caminho escolhamos, muitas dúvidas e dores encontraremos antes de termos a certeza que valeu apena.
É preciso coragem para olhar nossas cicatrizes e entendermos o valor delas. Acreditar que por maiores que sejam, foi a dor que ela nos fez sentir quem nos trouxe até aqui.